[RP] This is the party monster!

Ao passar do meio dia as coisas ficaram um pouco mais agitadas para mim, preocupações para festa que devia vir a seguir; mesmo com certo receio com o último acontecimento no lago. A cidade se tornou mais agitada, barulhenta durante o dia, já ao anoitecer as coisas se tornaram mais silenciosas e atormentadoras. Meus pais pediram que eu tomasse cuidado, porém não me importava com absolutamente nada, não sou intimidade pela morte. Tudo que eu quero nesse momento é me divertir e ser um adolescente comum, sempre problemas na vida, com coisas me perturbando. Fiquei feliz em receber o convite, a distração é uma das melhores coisas que podem acontecer, odeio me sentir sozinho e nulo como era muitas vezes; mesmo sendo popular isso de certa forma me abalada, tenho poucas amizades que são realmente verdadeiras.

O passado me atormente, me arrependo de ter depravado minha amizade com Pandora, talvez seja tarde demais para fazer com que as coisas voltem ao normal. Talvez eu esteja sendo dramático demais, ou não, quem sabe? Devo apenas me animar hoje além de todas as outras coisas. Minha empregada já havia preparado minhas roubas há um certo tempo, só me bastou tomar banho e começar a me trocar para festa que estaria por vir. Odiava chegar atrasado, por isso dessa vez foi um pouco mais rápido que o comum, mandando uma mensagem de texto para Harper. ‘’Em breve estou ai! Já tem pessoas caindo de bêbadas? ’’ –Brinquei ao enviar o SMS, um pouco mais risonho.

Tenho um grande interesse por carros de todos os tipos, por isso iria com um diferente da minha coleção, apanhei as chaves do veiculo , caminhando até a garagem e saindo; indo em direção a casa do prefeito. Em cerca de vinte minutos já encostava o meu carro em qualquer canto próximo a residência, trancando-o, caminhando sutilmente até a casa da loira a qual tinha grande afeto. Ao chegar na porta toquei a campainha e apenas entrei, já me servindo de uma boa doce de whisky para começar o dia. Me deparando com um loiro em seguida, que me era familiar (Charlie), embolsando um sorriso. -Hey! -Murmurei.

A festa estava bem contagiante, só esperava não ficar muito bêbado, afinal tinha muitas pessoas conhecidas no recinto que não poderiam me ver naquele estado. Com a companhia do loiro ao meu lado as coisas deixariam a se tornar mais divertidas depois daquele momento, passando a envolver ele nos meus braços com força. Seu cheiro era incrível, fazendo com que fechasse os olhos, passando os braços em volta da nuca no mesmo naquele abraço. –Oh... Bem, acho que vale a pena chegar cedo às vezes, olhe pelo lado positivo, nos encontramos! –Murmurei ao ouvido do maior, deixando um sorrisinho tomar conta dos meus lábios, selando as bochechas alheias.

Eu tinha grandes laços com Charlie, por um tempo paramos de falar tão de repente que me estranhou, porém agora voltaríamos as nos encontrar e isso me animava. Queria fazer com que as coisas fossem diferentes. –Fico feliz que esteja aqui... Estava me sentindo meio sozinho, vamos beber algo e ficar doido hoje? –Segurei uma das mãos do rapaz, puxando-o para um lugar mais cheio, onde tinha um número grande de pessoas, me apoiando a uma parede ao ressinto da moradia. Fitava os olhos alheios, colocando ambas as mãos nos ombros dele, risonho.

Uma luz fraca incomodou meus olhos antes que eu despertasse e lembrasse quem eu era e onde estava. Virei de costas para a cama e cocei os olhos com os dedos moles. Havia exagerado na noite anterior, acordada até três horas da manhã estudando os conceitos da Filosofia (e ainda há boatos de que este curso é fácil). Embora tenha me esforçado bastante, meu cérebro nunca se convencia de que era o suficiente, eu sempre sentia como se não estivesse dado tudo de mim em qualquer coisa que fizesse, e puta merda, isso era horrível. Acendi um cigarro ainda na cama e coloquei na boca, pra tentar relaxar. Dizem que o tabaco acaba com você, e seria verdade, se eu já não estivesse acabada. Levantei na cama, acendi o display do celular e vi que já estava tarde, percebi então que havia chegado uma mensagem. Uma interrogação se formou em meu cérebro quando notei que não conhecia aquele número, então abri a mensagem e vi que era da filha do Prefeito da cidade (ou das filhas). Respirei fundo segurando o riso e levantei da cama, descendo para o primeiro andar. Minha casa não era lá tão grande, e não parecia ter mais ninguém em casa, o que era estranho. Esperei anoitecer, e quando a lua brilhou no céu coloquei uma roupa bem desleixada e peguei o ônibus que me deixaria próxima ao bairro onde seria a festa. "O bairro onde os burgueses comem a sua merda", para ser mais específica. Acendi um outro cigarro e tentei não ter contato visual com as pessoas que andavam na rua. De longe pude ver um aglomerado de pessoas e muito barulho. Carros caríssimos estacionados na rua e uma casa gigantesca, digna de uma família como aquela. Eu achava muito engraçada a forma como as pessoas estavam acostumadas a viver em sua bolha superficial, com suas mansões e carros importados, ignorando completamente toda uma massa enorme de gente sofrendo, passando fome, sem ter um centavo pra alimentar os filhos. A classe alta não se importa com a plebe, enquanto a plebe estiver calada. É como um pássaro que alimenta os filhotes com o próprio vômito, mas quando aprendemos a mastigar sozinhos, aí sim eles veem o problema, e só então fingem que enxergam, para amenizar. Em outras ocasiões seria chamada de comunista ou qualquer outra coisa que esse povo sem criatividade insiste em inventar, mas naquela noite eu era eu mesma... Uma bomba prestes a explodir. Se eu odiava tanto esse tipo de pessoa, por que caralho eu estava ali? Primeiro que, 1) não havia nada interessante para eu fazer além de jogar MMO RPG online, e isso eu já fazia todo dia, então estava cansada, 2) bebida de graça, 3) eu poderia sentar em meu trono e observar as pessoas vomitarem no fim da festa. Mas provavelmente eu seria uma destas pessoas vomitando no fim da festa, então não seria tão engraçado. Entrei sem cumprimentar ninguém, até porque eu não conhecia ninguém, e me dirigi para a mesa de bebidas, que estava cheia. Talvez a única coisa boa que aquela família soubesse fazer fossem festas. Comecei a beber compulsivamente e quando senti a bebida voltando percebi que já era o suficiente, um arroto estrondoso preencheu um curto espaço, e talvez tenha sido ouvido apenas por mim. Coloquei o cigarro de novo na boca e saí pra fora, para observar a piscina.


— Sie sind ein turd. — Murmurei para o cara ao lado, mas ele provavelmente não entendeu. Levantou e pulou na piscina, fazendo um jato de água jorrar pra fora que, por outro lado, molhou meus sapatos. "Dane-se", pensei. "Por vinte dólares eu compro outro em algum bazar".