[RP OFICIAL] Os Sete Pecados

Acordei com uma agitação do lado de fora do meu quarto, pessoas eufóricas gritando coisas que eu mal entendia, provavelmente porque meu cérebro ainda estava processando - bem lentamente - o que estava acontecendo, isso era normal quando eu acabava de acordar.


 Me sentei na cama e pisquei algumas vezes até a visão focar, logo depois dei um bocejo e fiquei encarando o espelho que ficava na frente de minha cama. Meus cabelos estavam desgrenhados e a expressão que estava estampada em meu rosto parecia a de um sonâmbulo. 

Enquanto ficava encarando meu reflexo no espelho, podia jurar que estava esquecendo de alguma coisa, mas o quê? Durante os pensamentos que não estavam me levando a lugar nenhum, me lembrei do que tinha me acordado: adolescentes incrivelmente animados por algo. Repassei os trechos da conversa que tinha escutado eles falando e a palavra "festa" recorreu a minha mente. 

 - Droga, estou atrasado para a festa - Foi aí que meu cérebro começou a trabalhar, me lembrei da festa dos 7 pecados capitais, me levantei da cama em um pulo e chequei a hora no despertador que ficava sobre a cômoda. 19h30. Eu tinha 30 minutos para tomar banho, me vestir, ir para a garagem, pegar meu porsche e dirigir o mais rápido possível para a festa. E sim, é muito importante para mim chegar na hora - não sei o por quê, mas não tenho tempo para pensar agora. 


 Aos tropeços, corri para o banheiro. Tirei meus braços da manga da blusa e puxei-a para cima, passando-a pelo meu pescoço e retirando do meu corpo, em seguida tirei a minha calça de moletom e por último tirei minha cueca, tacando tudo no chão - pretendia arrumar a bagunça mais tarde, mas não agora. Entrei dentro do box e liguei o registro, sentindo o agradável contato da água quente em minha pele. Para agilizar o processo, abri os recipientes de shampoo e de condicionador e misturei os dois em meu palmo, passando em meu cabelo e em seguida enxaguando. Depois foi a vez do sabonete, passei por todo o meu corpo com muita pressa e logo retiro-o utilizando a água. Banho terminado. 

 Fechei o registro e saí do box, apanhando a toalha que estava pendurada no porta toalha. Fui me secando enquanto caminhava para fora do banheiro, molhando boa parte do piso e, ao chegar no armário, abro-o e pego a minha roupa de luxúria que já estava separada das demais. 

 Ao terminar de me vestir, paro em frente ao espelho e fico me observando por alguns segundos. Estava usando um terno preto com uma gravata de bolinhas vermelhas - não tinha outra, essa tinha que servir - e uma coroa dourada se encontrava em minha cabeça, eu estava bem melhor agora, mesmo com os cabelos bagunçados. 

 Saí do meu quarto e fui andando pelos corredores da faculdade, girando o chaveiro da chave de meu carro nos dedos. Desço até a garagem e sem mais delongas, entro em meu porsche. 


 Cheguei na festa uns 30 minutos atrasado, era a primeira vez que entrava em contato com todas as pessoas da faculdade em um só lugar. Todos pareciam estar se divertindo, estavam bebendo, rindo, dançando ao ritmo da música que estava tocando e conversando coisas que eu não conseguia escutar direito. Passei por entre grupos de universitários bêbados e fui até o bar, pedindo uma skol beats senses ao atendente, que me entregou em questão de segundos. Coloquei a tampa entre meus dentes superiores e inferiores e fui girando a garrafa até deslocar a tampa do lugar, abrindo-a. 

 Observei os detalhes da festa e pelo que percebi, estava no ambiente temático da lúxuria, logo o que viera fantasiado. Não sabia exatamente o por quê, mas nunca gostara tanto de festas daquele tipo. Ficava com uma sensação estranha, me sentia deslocado mesmo não tendo sentido para isso. Enquanto bebericava a cerveja que estava em minha mão, fui caminhando por aí sem rumo, até chegar em uma parte mais isolada. 

 Não tinha certeza, mas acho que eu acabara saindo do território da festa sem perceber. Fixo minhas orbes azuladas em meu Vans preto, pensando no que fazer e escuto uma exclamação - "Uh" - vinda de algum lugar na minha frente. Quando prestei atenção no mundo ao meu redor, já era tarde demais, meu pé direito tinha sido atropelado por uma roda de bicicleta. 
 
 - Outch... - Faço uma careta e reprimo um grito ao ver que quem tinha me atropelado era uma garota, uma garota de tirar o fôlego. Observava cada detalhe de sua aparência, ela era linda, embora não estivesse vestindo fantasia alguma - Nãovaiprafesta? - Não tinha percebido antes, mas havia esquecido de respirar - não me pergunte como - e as palavras que eu tinha falado eram impossíveis de se entender. Escutei algo meio maldoso da parte da garota e resolvi ficar calado, mas diga-se de passagem ela que deveria ter prestado atenção por onde andava e parado ao me ver em sua frente em vez de me atropelar. 

 Vejo-a guardando sua bicicleta e depois vindo em minha direção, essa parecia ser uma daquelas garotas incrivelmente bonitas, porém doidas de pedra. Ela me segurou pelo braço e começou a me puxar na direção da festa. Ao chegarmos lá, ela me deixou sentado em um banquinho e foi pegar uma garrafa de vodka, voltando em segundos e me oferecendo. Aceitei por gentileza, mas mal toquei minha língua na bebida. Aliás, não entendi por que ela falou que não acreditava com o fato de eu beber tanto - QUERIDA, EU NEM TOQUEI NA BEBIDA. 

 - Ah, meu nome é Stuart - Respondo sua pergunta com rapidez, acho que era a primeira vez que ela escutava a minha voz de verdade - E o seu, atropeladora de pés?

- Aham, eu que apareci na sua frente, claro - Respondo a garota com ironia, balançando a cabeça negativamente e revirando os olhos. Até parece que a culpa dela ter me atropelado era minha. Eu estava andando na calçada como uma pessoa normal, ela que deveria ter um farol de bicicleta e ter ficado atenta ao que estava à sua frente - Florence, é? Nome legal - Vejo-a esticando o palmo em minha direção e acabei demorando um pouco para perceber que ela queria fazer aquele cumprimento de velhos, algo que já me dizia que aquela garota além de doida era careta. Ainda um pouco desconfiado com aquela ação, fixei meu olhar no rosto da garota e tentei decifrar sua expressão, notando que ela estava fazendo aquilo sem brincadeira. Retribuí o ato e apertei sua mão, esboçando um sorriso torto no rosto.


 Não falamos nada depois daquela apresentação careta, então de começo estava planejando observar os detalhes de Florence, mas perdi o foco ao perceber que ela estava virando sem uma pausa se quer aquela garrafa de Vodka de uns 750ml - Ei, não vai se engasgar? - Meu comentário ficou no ar, provavelmente ela nem estava mais me escutando. Fiquei confuso com o que pensar sobre ela: careta ou não, eis a questão. 

- Hum? - Saí do meu pequeno devaneio ao escutar a voz de Florence chamando meu nome, foquei na garota e observei-a colocar a garrafa no chão e se aproximar sutilmente de mim, sentando em meu colo - Ah, não acho que... - Parei de falar quando ela afastou meu cabelo da frente de meus olhos e fiquei sem saber como reagir quando ela começou a desabotoar minha camisa. Quer dizer, eu não sou gay, mas ela estava bêbada e eu...não, nem um pouco. É meio estranho, certo? Ela provavelmente acordaria amanhã sem se lembrar de nada além de vagos flashes, enquanto eu me lembraria até dos mínimos detalhes. E outra, eu nunca fui esse tipo de cara que fica com várias pessoas em uma festa e acaba se esquecendo no outro dia, independente de estar sóbrio ou não. 

 E então Florence parou de desabotoar a minha camisa, ela pareceu ter percebido que eu estava um pouco confuso e para aliviar as coisas me abraçou. Envolvi meus braços em sua cintura e retribuí o abraço, foi aí que comecei a perceber o quão idiota eu era. Parei de me preocupar por coisas insignificantes e com o rosto já próximo do dela, encostei meus lábios nos seus e dei início a um beijo longo e intenso. Ainda com meus braços em volta de sua cintura, puxei-a para mais perto de mim e colei seu corpo no meu, acabando com o espaço entre nós dois e sentindo o calor agradável que vinha da garota.