[RP] Hide and Seek

Hospital

Come on you poor unfortunate soul. Go ahead, make a choice.

Respirei fundo. Era a primeira vez que entrava em um hospital. Não era algo muito surpreendente ou diferente do que eu presenciei pela televisão ou mesmo pela internet. Mesmo assim, era um experiência nova.

Um dos professores que estavam na festa carregava Pandora em seus braços. Uma pontada de ciúmes me atingiu. "Qual a necessidade desse carnaval? Ela poderia ir comigo, esse cara só está bancando o figurante."

Quando todos estavam devidamente instalados no consultório, uma médica chegou e começou a fazer alguns procedimentos de rotina. Provavelmente era uma pneumologista. Após a saída da doutora e de uma rápida analisada em Pandora, a moça que havia nos acompanhado iniciou uma série de perguntas e diagnósticos.

— Não nos drogamos — respondi honestamente. Jamais pensaria em usar produtos químicos para estimular reações em meu corpo que eu já possuía e produzia sem a necessidade de pílulas.

A próxima pergunta foi direcionada à Pandora. Fiquei um pouco preocupado com a possível responda dela e, de ato, estava certo. Ela necessitava de remédios em sua rotina diária, como acabava de evidenciar em sua resposta.

Não era um fator alarmante mas, para mim, a dependência de remédios controladores de depressão e ansiedade tiram boa parte do aproveitamento da pessoa de sua própria vida. Logo depois da resposta da garota, a médica direcionava um elogia a mim.

O "salvamento" não foi algo tão grandioso, ao meu ver. Eu simplesmente aliviei alguns dos sintomas de hiperventilação com o que havia aprendido nas primeiras aulas da faculdade. Sabia, no entanto, que minha atitude fora crucial para o estado de saúde de Pandora melhorar.

— Nós.. bem... não somos namorados — acariciei os fios de cabelo em minha nuca em um claro sinal de constrangimento. Em algumas poucas perguntas da DRa. Dorothy, a moça de cabelo azul mudou repentinamente seu comportamento. Coloquei uma das mãos em seu ombro esquerdo. — Ei, calma. Ninguém vai te forçar a nada, Pandora. Eu quero ficar com você, não vou te deixar sozinha no hospital.

A próxima ação da doutora foi um pouco... duvidosa. Mexer em meu cabelo e me pedir para sentar? Que diabos ela pensava que eu era, um cachorro? Um pouco confuso, obedeci o pedido. Segundo ela, estávamos em um "Jogo da Verdade".

A revelação de Pandora me deixou minimamente preocupado com seu estado emocional, ainda mais quando a doutora mencionou um hospício. "Na festa, ela me falou algo do gênero, mas não acho que seja importante. Se ela mesma não deseja partilhar todos os detalhes, não cabe a mim decidir o que ela vai ou não falar."

— Falar? Bem, só se você quiser ouvir uma típica história de novela mexicana — sorri ao lembrar dos poucos fatos que me levaram a morar em Burkittsville —, onde meus pais foram brutalmente assassinados por um maníaco em Boston e eu tive que me mudar para cá com meu tio que, olha só, faleceu mês passado com uma parada cardíaca.

Não fazia muita questão de partilhar minha vida para uma pessoa que acabava de conhecer e que, de alguma forma, parecia se interessar sobre meu passado. Não me intimidava com a oferta de estágio, eu saberia me virar caso não conseguisse tal vaga. Mesmo assim... algo naquela doutora me deixava intrigado. O que ela realmente queria?

Hospital

Come on you poor unfortunate soul. Go ahead, make a choice.

As perguntas continuavam fazendo pouco ou nenhum sentido. Se ela era médica, o trabalho já deveria ter terminado depois da determinação do diagnóstico e das recomendações necessárias. No entanto, ela parecia querer se nutrir de informações.

Da parte de Pandora, ela não conseguria. Não com tantas provocações dos dois lados. De minha parte.. talvez. Apesar da pouca timidez que eu ainda conservava com uma espécie de escudo para situações embaraçosas, a tal doutora ainda não havia presenciado meu "eu" interior. Seria uma pena se um dia isso acontecesse.

— Que coisa... horrível — arregalei os olhos ao ver os vídeos. Me lembrava das vítimas. Eram pessoas relativamente famosas na faculdade. — Esses caras são completamente ensandecidos. Uma carnificina dessas no meio de tanta gente?

A transmissão foi interrompida por uma ligação. Imediatamente desviei o olhar. Não era do meu interesse, disso eu tinha certeza. Pouco depois da exibição do vídeo, fomos liberados.

— Certo. Obrigado pelas recomendações, Dra. Wiggins — sorri e acompanhei Pandora. — Boa noite.

Saí do local junto da garota de cabelos azuis. Na recepção, fiz como o indicado e deixei meu nome, para uma futura vaga de estágio. A secretária sorriu para mim e anotou o recado. Agora havia mais um obstáculo a se enfrentar naquela noite: a delegacia.