[RP] R.I.P TO MY YOUTH.

O vento que batia no meu rosto era revigorante. A velocidade era alta e o desejo de continuar na mesma era ainda mais alto. Eu gostava da sensação de liberdade que motos proporcionavam. Era como se nada pudesse te parar na vida além da perda dela, saca? É uma parada meio louca de se pensar e talvez meio mórbida também, mas o que interessa é a sensação em si, que é maravilhosa.

Tinha acabado de sair de uma aula e a vontade de sair bateu forte. Infelizmente não consegui nenhuma companhia, mas isso nunca me impediu de nada. Nunca fui um cara de muitos amigos, e para ser sincero, gostava de ser assim. Enfim, assim que sai da aula, corri em casa, tomei um bom banho, vesti uma roupa qualquer, peguei as chaves da moto e sai de casa. E aqui estou, estacionando em frente ao Duck Bar. Nome estranho, mas qual nome de bar não tem esse defeito, não é mesmo?

Entrei no lugar e abri um sorriso no mesmo instante. O ambiente era meio rock, meio Europeu, saca? Curti, bem a minha cara. Dei alguns passos para dentro observando as mesas de sinuca, os fliperamas, os painéis de dardos e todos os bancos perfeitamente acolchoados. Até pensei em me sentar em alguma mesa, mas a imagem me pareceu bem depressiva, então optei pelo balcão mesmo.

- Você é Zachary Tucker, do Dying Organism? - Foi a primeira coisa que ouvi quando sentei. Abri um sorriso e estendi a mão.
- Em carne e osso desde a ultima vez que chequei. E ai irmão, beleza? - Fiz um toque com ele e ouvi seus elogios.

Não pude deixar o sorriso morrer, afinal de contas, o que seria da D.O sem os fãs? Nada. E cara, namoral, antes eu achava meio babaca esse lance de fã, mas hoje vejo que é algo primordial na vida de um artista. Não por fama ou coisa do tipo, mas pelo fato de sabermos que existem pessoas que te amam e você nem conhece, ta ligado? É bem maneiro. Depois Carl, procuro sempre lembrar do nome de todos eles, perguntou o que eu queria e pedi uma Duchesse de Bourgogne. Nunca tinha tomado e aquele seria o ambiente perfeito para isso.

VALERIE | DUCK BAR

A conversa com Carl estava até que interessante. Ele me contou que também teve uma banda quando estava no colegial, mas todos se separaram e ele teve que vir trabalhar com o pai no bar. Segundo ele, sentia falta dos ensaios, da sensação de estar em cima de um palco, de passar horas acordado tentando encaixar uma letra na melodia e afins. Carl não era tão mais velho que eu, devia ter seus 36 anos de idade. Ok, 10 anos é uma baita diferença, mas fisicamente ele parecia ter minha idade, uns 26 anos.

E toda essa conversa me deu uma sensação estranha. Na minha mente tem uma espécie de apagão, sabe? Eu sei que tem alguma coisa que não estou lembrando relacionado a minha vida e isso me deixa frustrado. Carl me contou de como desistiu da faculdade por ter se afundado nas drogas e senti por ele. Quer dizer, por mais que eu seja um cara rock and roll, jamais fui de drogas. Primeiro porque sempre fui atleta antes de tudo e segundo porque eu sabia o que essas substancias poderiam causar no nosso organismo. A unica coisa que eu ainda faço uso é da cannabis, mas moderadamente, claro. É, eu sou meio geração saúde.

Carl tinha ido conferir umas mercadorias que tinham chegado de ultima hora e eu fiquei sozinho. Opa, minto. Estava com minha cerveja. Já devia ser a terceira, mas como o teor de álcool era baixo para podermos sentir bem o gosto, estava mais que tranquilo. Pedi uma porção de batatas assadas para acompanhar e virei meu corpo para frente das pessoas, deixando minhas costas encostadas no balcão.

Estava um pouco distraído com o show do Foo Fighters que passava na TV, mas fui desperto por uma voz doce ao meu lado. Virei meu rosto e me deparei com uma mulher loira segurando um martini em uma das mãos. Abri um largo sorriso com sua pergunta e até pensei em lançar uma cantada, mas ela não me parecia uma dessas garotas da noite que vagam por aí catando um homem.

- Incomodo nenhum, que isso. - Me apressei em dizer, virando meu corpo em sua direção. - Olha, eu não sei, mas me apresento agora. - Dei uma pequena risada e estendi minha mão. - Zachary Tucker, muito prazer. - Apertei sua mão delicadamente e me estiquei para dar um leve beijo em seu rosto. - Qual seu nome?

VALERIE | DUCK BAR

- Wow! - Exclamei quando a mulher disse o nome da minha banda. Olhei-a da cabeça aos pés e seu exterior certamente não condizia com os fãs da Dying Organism ou de frequentadores daquele bar, mas nunca fui um cara de julgar pela aparência. - Acertou em cheio, Valerie. - Levei a garrafa até minha boca e dei um gole generoso. - Não que eu esteja julgando ou coisa do tipo, não me leve a mal, fiquei até feliz com você reconhecendo, mas o que trás uma mulher do seu nível e porte a um bar desse? - Falei, apontando com a garrafa para o interior do bar. - Você me parece bem sofisticada. - Abri um leve sorriso.

Tentei lembrar de onde já tinha visto Valerie, pois seu rosto não me era desconhecido, mas não consegui. Cheguei até a passar por todos os rostos de pessoas da faculdade que eu me lembrava, mas era todos muito vagos para que me possibilitasse um reconhecimento. Talvez fosse da cidade mesmo ou do corpo docente da faculdade. Estreitei meu olhos mais uma vez em sua direção.

- Perdão, mas seu rosto não me é estranho também. - Virei um pouco a cabeça para o lado para uma melhor análise. - Tentei lembrar, mas passei tanto tempo longe dessa cidade que os rostos não estão tão nítidos como eu gostaria. - Ri, dando mais um gole em minha bebida.

VALERIE | DUCK BAR